Clínica Médica

2 out, 2023 08:59h

Estudo Randomizado: Abordagens rigorosa vs. liberal para controle da glicemia não afetam o tempo na UTI ou a mortalidade em 90 dias

Desenho do Estudo e População: Este ensaio clínico randomizado avaliou os efeitos do controle rigoroso versus liberal da glicose na duração da estadia na UTI em pacientes gravemente enfermos. Um total de 9.230 pacientes foram incluídos, com 4.622 no grupo de controle liberal (início da insulina quando os níveis de glicose no sangue excederam 215 mg/dL) e 4.608 no grupo de controle rigoroso (glicose sanguínea alvo entre 80 e 110 mg/dL). Em ambos os grupos, a nutrição parenteral foi suspensa durante a primeira semana de admissão na UTI. O desfecho primário foi a duração da estadia na UTI, e a mortalidade em 90 dias serviu como um resultado-chave de segurança.

Principais Achados: Não foram observadas diferenças significativas no desfecho primário, a duração da estadia na UTI, entre os dois grupos (razão de risco 1,00; IC 95%, 0,96 a 1,04; P=0,94). As taxas de mortalidade em 90 dias também foram semelhantes (10,1% no grupo de controle liberal vs. 10,5% no grupo de controle rigoroso, P=0,51). As incidências de hipoglicemia grave foram baixas e estatisticamente semelhantes em ambos os grupos (1,0% no grupo de controle rigoroso vs. 0,7% no grupo de controle liberal). Os desfechos secundários, incluindo novas infecções e a duração do suporte respiratório e hemodinâmico, não mostraram diferenças significativas. No entanto, incidências mais baixas de lesão renal aguda grave e disfunção hepática colestática foram observadas no grupo de controle rigoroso.

Implicações e Limitações: O estudo corrobora as evidências existentes de que o controle rigoroso da glicose não oferece benefícios substanciais na redução da duração da estadia na UTI ou da mortalidade. Isso sugere que uma abordagem mais liberal para o controle da glicemia pode ser preferível na maioria dos pacientes de UTI, especialmente para minimizar o risco de hipoglicemia. As principais limitações do estudo incluem seu foco estreito na ausência de nutrição parenteral precoce, o que poderia limitar a generalização, e a incapacidade de cegar os cuidadores quanto às atribuições de tratamento. Pesquisas futuras poderiam investigar o impacto do controle rigoroso da glicose em vários subgrupos de pacientes e sob diferentes condições nutricionais.

Article: Tight Blood-Glucose Control without Early Parenteral Nutrition in the ICU – New England Journal of Medicine


1 out, 2023 11:48h

Estudo Randomizado: Propafenona conduz à restauração mais rápida do ritmo sinusal vs. amiodarona em arritmias supraventriculares relacionadas ao choque séptico

Desenho e População do Estudo: A pesquisa foi um ensaio controlado paralelo, prospectivo, duplo-cego envolvendo 209 pacientes com choque séptico que apresentavam nova arritmia supraventricular e fração de ejeção ventricular esquerda acima de 35%. Os pacientes foram randomizados para receber propafenona intravenosa (bolus de 70 mg seguido de 400–840 mg/24 h) ou amiodarona (bolus de 300 mg seguido de 600–1800 mg/24 h).

Principais Resultados: Os desfechos primários focaram na proporção de pacientes em ritmo sinusal 24 horas após a infusão, no tempo para a primeira restauração do ritmo sinusal e nas taxas de recorrência de arritmia. Não foi observada diferença significativa nas taxas de ritmo sinusal em 24 horas entre os grupos propafenona (72,8%) e amiodarona (67,3%) (p=0,4). O tempo para a primeira restauração do ritmo foi significativamente menor para o grupo propafenona (mediana de 3,7 horas) em comparação com o grupo amiodarona (mediana de 7,3 horas, p=0,02). A recorrência de arritmia foi notavelmente menor no grupo propafenona (52%) do que no grupo amiodarona (76%, p<0,001). No subgrupo de pacientes com átrio esquerdo dilatado, a amiodarona pareceu ser mais eficaz.

Implicações e Limitações: O estudo sugere que, embora a propafenona não ofereça melhor controle do ritmo em 24 horas em comparação com a amiodarona, ela proporciona cardioversão mais rápida e menos recorrências de arritmia, especialmente em pacientes com átrio esquerdo não dilatado. Não foram observadas diferenças significativas nos desfechos clínicos, como mortalidade na UTI ou a longo prazo. As limitações incluem o potencial subdimensionamento do estudo e a dificuldade em levar em consideração todos os fatores envolvidos na complexa terapia do choque séptico.

Artigo: Balik, M., Maly, M., Brozek, T. et al. Propafenone versus amiodarone for supraventricular arrhythmias in septic shock: a randomised controlled trial. Intensive Care Med (2023)

 

Comentário no Twitter (com link para artigo na íntegra)

 


2 out, 2023 08:30h

Estudo randomizado | Insulina icodec semanal comprova eficácia em pacientes com diabetes tipo 2 sem uso prévio de insulina

O ensaio clínico randomizado ONWARDS 3 estudou a eficácia da insulina icodec semanal em comparação com a insulina degludec diária para controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 2 sem uso prévio de insulina. O ensaio duplo-cego foi conduzido de março de 2021 a junho de 2022 em 92 locais em 11 países, inscrevendo 588 adultos com diabetes tipo 2. Os participantes foram randomizados em dois grupos: 294 recebendo icodec semanal e placebo diário, e 294 recebendo degludec diário e placebo semanal.

O desfecho primário foi a mudança na hemoglobina A1c (HbA1c) da linha de base à semana 26. A insulina icodec mostrou uma mudança não inferior de HbA1c da linha de base (-1,6 pontos percentuais) em comparação com a insulina degludec (-1,4 pontos percentuais) e demonstrou superioridade estatisticamente confirmada. No entanto, o ensaio mostrou uma taxa maior de eventos hipoglicêmicos de nível 2 (clinicamente significativos) ou nível 3 (severos) no grupo da insulina icodec do que no grupo da insulina degludec, apesar das taxas globais baixas em ambos os grupos. Não houve diferença significativa nas mudanças de peso entre os dois grupos.

O estudo concluiu que a insulina icodec semanal demonstrou redução superior de HbA1c em comparação com a degludec diária após 26 semanas de tratamento em pacientes com diabetes tipo 2 insulina-naïve. A conveniência da administração semanal deve ser considerada em relação ao risco absoluto ligeiramente maior de hipoglicemia. As limitações do estudo incluem sua curta duração (26 semanas) e a falta de dados sobre efeitos sustentados, resultados relatados pelos pacientes e monitoramento contínuo da glicose.

Artigo: Lingvay IAsong MDesouza C, et al. Once-Weekly Insulin Icodec vs Once-Daily Insulin Degludec in Adults With Insulin-Naive Type 2 DiabetesThe ONWARDS 3 Randomized Clinical TrialJAMA. 2023;330(3):228–237. doi:10.1001/jama.2023.11313

Ver Também: Visual Abstract

Comunicado de Imprensa: Weekly insulin found safe, effective for Type 2 diabetes – UT Southwestern Medical Center


4 nov, 2020 10:13h

Estudo observacional sugere benefícios de uma dieta pobre em carboidratos para pacientes com Diabetes tipo 2

Neste trabalho, que tem as importantes limitações inerentes ao tipo de estudo, os pacientes que optaram por dieta pobre em carboidratos (27% dos pacientes) tiveram perda média de 8,5 quilos. Além disso, 46% dos pacientes aderentes a dieta tiveram remissão do Diabetes tipo 2.

 

Comentário do autor no Twitter

 


3 nov, 2020 09:32h
2 nov, 2020 19:28h

Revisão Cochrane: Cigarros eletrônicos podem ajudar o paciente a parar de fumar

A revisão concluiu que cigarros eletrônicos contendo nicotina podem ser mais efetivos na suspensão do tabagismo do que outras formas de reposição de nicotina como chicletes e adesivos. Sugerem, no entanto, que são necessárias mais evidências relacionadas aos possíveis danos causados pelos cigarros eletrônicos.

Fonte:

Electronic cigarettes for smoking cessation – Cochrane Library

Resumo:

Updated Cochrane Review shows electronic cigarettes can help people quit smoking – Cochrane Library

Comentário no Twitter:

 


2 nov, 2020 19:23h

Revisão sistemática: Abordagem e tratamento da diverticulite colônica

Alguns destaques da revisão:

 

Diagnóstico:

A tomografia computadorizada tem alta sensibilidade (94%) e especificidade (99%) para o diagnóstico de diverticulite aguda.

Tratamento:

O tratamento ambulatorial pode ser tão efetivo quanto o tratamento realizado no hospital, mas as evidências são insuficientes em relação a desfechos clínicos importantes como falha do tratamento, mortalidade ou cirurgia de emergência.

Em pacientes com diverticulite não complicada o uso de antibióticos não está associado a melhora nos desfechos clínicos em relação à não utilização de antibióticos. No caso de pacientes que recebem antibióticos, não há evidências suficientes para guiar as medicações de escolha e duração.

O Ácido 5-aminossalicílico (5-ASA) não previne recorrências.

Fonte:

Management of Colonic Diverticulitis – Agency for Healthcare Research and Quality

Revisão na íntegra: 

Management of Colonic Diverticulitis

Resumo: 

Management of Colonic Diverticulitis

 


2 nov, 2020 19:17h

Revisão Cochrane: Plasma convalescente tem benefício incerto em pacientes com Covid-19

A revisão concluiu que não há evidências suficientes que sugiram que a utilização de plasma de pessoas que se recuperaram de COVID-19 seja um tratamento eficaz e seguro para pessoas hospitalizadas com COVID-19.

Fonte:

Convalescent plasma or hyperimmune immunoglobulin for people with COVID‐19: a living systematic review – Cochrane Library

Comentário no Twitter:

 


2 nov, 2020 19:12h

D-Dímero normal exclui com segurança o diagnóstico de trombose venosa profunda

Neste estudo em pacientes com suspeita de trombose venosa profunda, uma estratégia diagnóstica baseada na triagem com D-Dímero seguida de ultrassonografia somente nos pacientes com D-Dímero elevado se mostrou segura e eficaz.

Fonte:

Negative D-dimer safely ruled out DVT as a stand-alone test – Blood Advances

Comentário: 

Standalone D-dimer test strategy may simplify diagnosis of deep vein thrombosis – American Society of Hematology

 


2 nov, 2020 11:31h

Inibidores do SGLT2 aumentam o risco de cetoacidose diabética

Os inibidores do SGLT2 são drogas desenvolvidas recentemente para o tratamento do diabetes que vem ganhando aceitação devido a efeitos protetores cardiovasculares e renais.

Neste estudo de coorte populacional envolvendo bases de dados eletrônicas de 7 províncias Canadenses e do Reino Unido o uso de inibidores do SGLT2 foi associado a um risco de cetoacidose diabética aproximadamente 3 vezes maior em comparação com os inibidores da DDP4.

Fonte:

Sodium–Glucose Cotransporter-2 Inhibitors and the Risk for Diabetic Ketoacidosis: A Multicenter Cohort Study – Annals of Internal Medicine (link para o abstract – $ para o artigo na íntegra)

Comentários:

Can You Spot Euglycemic DKA From SGLT-2 Inhibitors? – Journal Feed

Sodium glucose cotransporter-2 inhibitor use associated with increased risk of diabetic ketoacidosis – 2 Minute Medicine

 


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